5. Segredos
Chegando à reserva, estacionei o carro e corri para garagem
onde Jake passava as tardes quando não estava comigo. Como eu esperava
encontrei ele lá trabalhando em uma moto.
– Oi – eu disse meio tímida de repente.
– Oi Nessie – disse ele automaticamente.
– Será que a gente podia conversar? – eu disse baixinho.
– É claro meu anjo – disse ele ternamente levantando-se e
vindo se sentar comigo – o que aconteceu?
– Minha família anda tentando... Fazer... Quer dizer... – eu
não conseguia dizer. Por algum motivo eu não conseguia.
– Fala Nessie. Pode falar – disse ele incentivando-me.
– Eles não querem que eu te veja mais – eu disse começando a
chorar.
– Ei! Não chore. Ninguém vai nos afastar. Eu prometi,
lembra? – perguntou ele me tomando nos braços. E era verdade, ele me prometera
quando eu ainda era pequena que jamais me deixaria, que eu jamais ficaria só.
Passamos um bom tempo ali abraçados, até que Seth entrou na
garagem.
– Jake! Nessie? Eu não sabia que você estava aqui, não
queria atrapalhar...
– Ah Seth! Que bom te ver! – eu disse sorrindo.
– Aconteceu alguma coisa? – perguntou Jake preocupado.
– Não, não. Só vim falar um oi. Eu tenho que voltar. Minha
mãe está me esperando para irmos jantar na casa de Charlie. Eu já vou indo.
Tchau – disse ele meio sem graça.
– Tchau – dissemos em coro.
Foi quando eu percebi que eu não tinha soltado Jake e ele
não havia me soltado durante todo aquele tempo. Nossos olhos se encontraram por
um momento, nossos rostos se aproximando cada vez mais até que ele desviou o
rosto sem graça e eu senti meu rosto corar.
– Acho que já está tarde. Tenho que voltar antes que meus
pais fiquem preocupados. Te vejo amanhã não é? – perguntei docemente.
– Mas é claro – disse ele me beijando na testa.
Peguei o carro e fui direto para o chalé. Meus pais não
estavam em casa. Aproveitei para tomar um banho e por meu pijama. Esperei um
bom tempo, mas eles não apareceram. Decidi me deitar e peguei no sono.
Eu acordei cedo. Era um dia chuvoso como de costume. Meus
pais estavam na porta. Provavelmente chegaram lá assim que abri os olhos.
– Posso saber onde a senhorita passou a tarde de ontem? –
minha mãe perguntou. Os dois não pareciam bravos, até esboçavam um sorriso.
– Com Jake na reserva – eu disse meio envergonhada, afinal
de contas eu não sabia que reação eles teriam.
– Nessie, – meu pai começou – sabemos que ficou chateada com
toda aquela conversa de viagem, mas queremos que saiba que só estávamos fazendo
aquilo para o seu bem.
– Meu bem? -
perguntei confusa.
– Ainda não é o momento certo para lhe contar, mas logo você
vai entender – disse minha mãe.
Eu estava começando a ficar desconfiada. Todo mundo me
dizendo que não era o momento certo para uma resposta.
“Por quê? Porque é o
momento errado?” perguntei mentalmente ao meu pai.
– Logo você vai entender – repetiu ele baixinho me dando um
beijo na bochecha. Balancei a cabeça e revirei os olhos.
Ouvi baterem na porta e antes que eu pudesse me mover minha
mãe já havia atendido a porta.
– Oi Bells, a Nessie...
– Ela está lá dentro. Entre – disse minha mãe antes que Jake
terminasse.
Ouvi os passos dos dois até que eles adentraram o quarto.
– Jake! – gritei dando um salto e correndo para seus braços.
– Oi Nessie – disse ele me levantando no ar.
– Jacob será que podemos ter uma conversa? – perguntou meu
pai seriamente.
– É claro – disse Jake confuso.
Os três se dirigiram para fora da casa onde eu não poderia
nem chegar perto por instrução do meu pai, mas que acabei desobedecendo.
Cheguei perto da porta. Não dava para escutar direito. Só
consegui escutar o fim da conversa com sempre.
– Então fica assim. Contaremos no aniversário depois da
festa – disse meu pai.
– Até lá você não vai dizer nada a ela – completou minha
mãe.
– Tudo bem – assentiu Jake, meio inseguro.
Contar o quê? Pra
quem? Pensei comigo mesma.
– Nada e ninguém – disse meu pai respondendo às minhas
perguntas internas.
– Desculpe-me – eu disse corando.
– Sem problemas afinal você não ouviu nada de importante –
disse ele rindo.
Bufei. Até que lembrei de Jake.
– Jake, que tal se fossemos tomar um sorvete? – perguntei
docemente.
– É claro – disse ele sorrindo.
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