7. Festa
Acordei cedo, vesti um short preto e uma blusa de cetim com
um pequeno detalhe em renda azul escura e sandálias de mesmo tom com pedraria.
Saí para caçar com minha mãe e depois fui até a casa de meus avós, que estava
toda decorada em tons de azul escuro e prata. Minha tia estava em cima de uma
escada enquanto pendurava uma faixa de cetim prata com grandes letras azuis que
diziam “Feliz Aniversário Renesmee!”.
– Tia, meu aniversário é só amanhã – eu disse ainda chocada
com tudo aquilo.
– Eu sei, mas tenho muito a fazer e tenho que começar cedo
afinal tenho pouco tempo – ela respondeu sorrindo.
Tudo estava uma bagunça. Todos se movendo de lá para cá que
resolvi deixar que eles fizessem o que tinham de fazer e fui dar uma caminhada
pela floresta. Caminhei até chegar à campina que meus pais costumavam me levar
para brincar quando eu era pequena, o que não faz tanto tempo assim. Sentei-me
na relva e fiquei ali em silêncio, os olhos fechados, apenas sentindo o sol em
meu rosto. Fiquei ali por um bom tempo, até que um som me tomou a atenção. Era
Jake se aproximando.
– Não queria incomodar – disse ele quando notou que eu havia
percebido sua presença.
– Não está incomodando – eu disse sorrindo.
– O que está fazendo aqui? Pensei que ia ficar ajudando sua
família com a decoração da sua festa – perguntou ele.
– Tudo estava uma bagunça então resolvi vir para um lugar
mais calmo. E você? Como me achou? -
perguntei a ele.
– Segui o seu cheiro – disse ele normalmente.
– Claro – eu disse. É o que acontece quando se vive em meio
a um monte de criaturas sobrenaturais. Você acaba sendo seguida pelo seu
cheiro.
– Que foi? – perguntou ele sorrindo.
– Nada ‒ respondi dando um risinho.
– Nada é, mocinha – disse ele me fazendo cócegas e nós dois
rimos como duas crianças.
– Jake – comecei.
– Sim – disse ele.
– Seu pai ainda faz lasanha nas sextas-feiras? – perguntei
sorrindo.
– Toda sexta. Por causa da Rachel, sabe como é. Ela adora
lasanha. Por quê? - disse ele rindo.
– É que de repente me deu uma vontade de comer lasanha – eu
disse sorrindo.
Ele me tomou nos braços e disse – Então vamos logo antes que
Rachel acabe com tudo ‒ nós dois rimos.
Chegamos cedo à casa de Jake. Jantamos com Billy, Rachel e
Paul, agora noivo de Rachel. O jantar foi silencioso, apenas alguns comentários
sobre a comida.
Depois de jantarmos, resolvi
perguntar – vocês vão ao meu aniversário amanhã, não é?
– Mas é claro! Se você não sabe essa família aqui não perde
uma boa festa – disse Billy. Todos nós rimos.
–Então guarde o resto da conversa para amanhã porque acho
que já está na hora de alguém aqui ir para casa – disse Jacob olhando para mim.
– Tudo bem. Bom, acho que vejo vocês amanhã então – disse
sorrindo.
– É claro - disse Rachel.
Saímos com o carro de Jake, um Rabbit que ele reformou antes
mesmo de eu nascer.
– Acho que alguém aqui precisa de um carro novo – disse
brincando com as palavras que ele usara para dizer que eu tinha de ir embora.
– Ei! Meu carro é muito bom – disse ele rindo. Nós estávamos
rindo muito naquele dia.
Jacob estacionou o carro em frente à casa de meus avós.
Saímos do carro e ele me parou antes que eu chegasse às escadas da frente.
– Que foi? – perguntei.
– Não vai nem se despedir de mim? – perguntou ele sorrindo.
– Pensei que ia entrar comigo – disse confusa.
– Não vai dar, eu ainda tenho que falar com Seth sobre a
matilha e...
– Tudo bem – eu disse colocando meu dedo indicador em seus
lábios.
Eu o abracei por um longo tempo e depois fiquei na ponta dos
pés e sussurrei em seu ouvido – vou te esperar amanhã – ele estremeceu com a
minha voz em seu ouvido, como eu fazia quando era ele a sussurrar em meu
ouvido. Beijei o seu rosto e ele se foi com um lindo sorriso para mim.
Entrei em casa. As coisas estavam mais calmas agora, mas
ainda sim estava tudo meio bagunçado.
– Onde você estava até agora? – perguntou minha mãe séria.
– Primeiro eu fiquei um tempo na campina até que Jacob apareceu
e nós fomos jantar na casa dele com Billy, Rachel e Paul. Depois Jake me trouxe
até aqui – eu expliquei.
– Bom mesmo – disse tio Emmett enquanto passava a expressão
brincalhona imitando a de minha mãe.
– Emmett! – minha mãe o repreendeu.
Eu ri. Subi as escadas e fui até o quarto que um dia fora do
meu pai. Era meu lugar favorito naquela casa. Sentei-me na enorme cama e fiquei
olhando a lua através das grandes portas de vidro. Não sei quando foi que me
deitei na cama, mas só sei que dormi ali.
Eu tinha certeza de que estava sonhando. Eu estava na
campina, que estava coberta de flores amarelas e roxas. Eu usava um vestido
longo, branco, quase transparente, que flutuava por cima das flores conforme eu
andava descalça. O vestido tinha um bordado que brilhava sob luz forte do sol
tão lindamente que por um segundo eu só conseguia olhar para ele. Deitei-me
sobre as flores até que braços conhecidos e confortáveis me tomaram no colo.
Era Jake. Ele também estava de branco. Ele me colocou em seu colo, tirou meus
cabelos do rosto, seu rosto cada vez mais próximo do meu, até que eu percebi
que ele não ia parar. Seus lábios estavam quase tocando os meus quando eu
acordei ofegante.
Não estava nos meus planos ter um sonho como aquele.
Sentei-me na cama quando minha tia apareceu saltitante na porta.
– Ah! Que bom que você já está acordada! Nós temos muito a
fazer, então nada de enrolar – disse ela me pondo em pé.
Fomos para o quarto de minha tia onde ela passou a manhã e a
tarde inteira me arrumando para a minha festa. Me senti como uma boneca na qual
Alice gostava de brincar de vestir, pentear e maquiar. Já estava quase na hora
de eu descer, todos os amigos da minha família estavam lá embaixo quando Jacob
apareceu na porta vestido de smoking, sorrindo.
– Puxa Nessie! Você está linda! – disse ele me girando.
– Obrigada – disse corando. Queria dizer a ele que ele
também estava lindo, mas acabei apenas sorrindo.
– Está na hora – cantarolou tia Alice.
Jake desceu correndo primeiro. E depois eu desci. Meu pai
tocava a música que ele havia feito para mim quando eu nasci. Todos olhavam
para mim e para o meu vestido, que por sinal havia ficado perfeito em mim.
Depois de receber os parabéns de todos e receber seus
presentes maravilhosos era hora de receber os presentes da minha família. Tia
Alie me deu um par de sapatos de uma marca famosa qualquer, ela adora em dar
essas coisas, meus tios me deram um lindo colar que tia Alice escolheu, tia
Rose me deu um vestido vermelho de seda, minha avó me deu um perfume e meu avô
um lindo par de brincos de pérola e prata.
E finalmente era vez dos meus pais. Minha mãe tinha uma
pequena caixa preta nas mãos. Meu pai a pegou, abriu-a e lá dentro eu pude ver
um lindo anel. Ele era de ouro branco com uma pedra oval média, provavelmente
uma safira que era entrelaçada por finos e delicados ramos de ouro branco,
cravejados de diamantes.
– Era da sua avó Elizabeth – disse ele pondo o anel no meu
dedo anelar – e acho que ela gostaria que você ficasse com ele.
– É lindo pai – disse admirando o anel. Minha avó Elizabeth
deixara de herança diversas jóias para o meu pai e, com certeza, aquele anel e
o anel que minha mãe carregava com ela eram as jóias mais bonitas de todas as
que ela deixara.
– Obrigada mãe, pai. É lindo, perfeito – eu disse abraçando
os dois.
– Tudo para a nossa garotinha – mamãe disse. Eu tinha
lágrimas nos olhos.
Depois disso tia Alice me arrastou para a grande mesa onde
se encontrava meu bolo, que eu fiz com que ela diminuísse o tamanho planejado
porque quase ninguém comeria.
Como sempre eu corei enquanto cantavam parabéns para mim. E
depois que a música recomeçou foi a vez de Jacob me puxar para a varanda e me
entregar seu presente. Era um colar. A corrente fina e dourada combinava com a
com o pingente. Era uma pequena cabeça dourada de lobo, linda, perfeita.
– Jake é maravilhoso! – eu disse enquanto ele colocava em
meu pescoço.
– Eu quis que fosse dourado pra combinar com o seu medalhão,
então mandei banhar o lobo que esculpi – disse ele em um tom despreocupado – em
falar em medalhão onde ele está?
– Tia Alice não quis que eu usasse por ser dourado e minha
festa ser prata e azul. Mas acho que ela não vai ligar se eu usar o colar. Acho
que este colar e o anel que meu pai me deu são os presentes mais perfeitos uqe
eu já ganhei na minha vida – eu disse.
Que bom que gostou –
disse ele observando o anel. A música lá dentro se metamorfoseou em uma música
lenta – será que posso ter a honra de dançar com a aniversariante?
– Mas é claro – eu disse rindo.
Ele tomou minha mão e começou a seguir no ritmo da música.
Não dissemos nada um para o outro durante a nossa dança, mas mesmo assim foi
diferente, especial, melhor do que todos os presentes, melhor que todas as
vezes que eu dançara com ele. Depois que a música acabou nós nos sentamos nas
escadas e ficamos ali por um bom tempo conversando sobre os presentes que eu
ganhei, sem falar muito no momento anterior. Até que meu pai apareceu na porta
e pediu para conversar com Jacob. A conversa foi bem longa e depois Jake apareceu
novamente meio preocupado.
– Nessie, já tá na minha hora. Eu ligo pra você pela manhã –
disse ele me abraçando.
– Tudo bem – eu disse meio confusa. Mais uma troca de
olhares entre ele e meu pai e ele se foi.
– Está na hora de nós
irmos pra casa – disse meu pai.
– Tá. Eu só vou me despedir – eu disse meio entediada.
Depois de me despedir de cada convidado, papai e mamãe me
levaram pra casa. Mas ao invés de me mandarem dormir, eles pediram para que eu
me sentasse na sala. Eu não tinha idéia do que ia acontecer.
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