domingo, 3 de junho de 2012




6. Reações 

Chegamos à sorveteria perto da casa do meu avô Charlie. Uma chuva fina caía e por isso nos sentamos do lado de dentro. Todo mundo olhou quando entramos, não conseguia entender o porquê. Depois de tomarmos os sorvetes ficamos mais um tempo na sorveteria. Entramos no carro e no caminho uma pergunta me ocorreu.

– Jake me promete uma coisa? – perguntei sorrateiramente.

– Depende do quê – disse ele em resposta.

– Primeiro diga que prometa – eu disse me fazendo de inocente.

– Tudo bem, agora diga o que é – disse ele se fazendo de impaciente.

– Sobre o que vocês estavam conversando hoje cedo?

– Ah! Isso eu não posso dizer – ele disse rindo nervoso.

– Mas você prometeu – insisti.

– Sim, mas antes eu prometi para o seu pai – disse ele dando um fim na nossa conversa.

Chegamos à casa de Jake. Ele abriu as portas do carro e da casa para mim. Sentei-me no sofá e logo em seguida ele se sentou também.

– Você sabia que sua tia esta planejando uma festa de aniversário pra você? – perguntou ele. Estava claramente arranjando um assunto qualquer para me distrair.

– Ela sempre faz, mas meu aniversário ainda vai demorar a chegar – eu disse. Meus aniversários nunca foram normais. Eu tinha duas festas de aniversário por ano. Uma menor, apenas representativa, e outra na data real do meu aniversário. No meu primeiro ano, eu cresci o equivalente a uma criança de quatro anos e por essa razão minha tia fez questão de comemorar três “aniversários de crescimento”, como ela chamava, e o “aniversário oficial” que era o aniversário de verdade. No segundo ano foram dois aniversários de crescimento além do aniversário oficial e como dali em diante eu passei a avançar dois anos em um, por causa da desaceleração do meu crescimento, eu passei a comemorar apenas um aniversário de crescimento juntamente com o aniversário oficial.

– Nessie seu aniversário é no final de semana – disse Jacob – Hoje é quinta-feira, dia oito de setembro. Seu aniversário é sábado dia dez.

– M-mas como? Quer dizer, pensei que ainda estivéssemos em agosto – eu disse contando mentalmente quantos dias eu havia deixado passar desde a última vez que consultei o calendário.

– É passou muito rápido. Eu sei – disse ele pensativo – É muito cedo para desejar um feliz aniversário de seis anos? – ele abriu um largo sorriso.

– Dezesseis – eu o corrigi. Não gostava quando as pessoas só contavam os aniversários oficiais. Eu me sentia uma criança quando eu já era uma adolescente física e mentalmente.

– Tudo bem, tudo bem – disse ele rindo alto.

Franzi o cenho para ele. Ele parou de rir quando viu minha expressão, mas seu rosto ainda carregava um lindo sorriso.

Ele aproximou seu rosto do meu e sussurrou em meu ouvido – E depois você ainda diz que é adolescente. Seu comportamento não condiz com o de uma – sua voz provocou estranhos calafrios em minha coluna.

– Engraçadinho – eu disse ainda meio atordoada com aquelas estranhas reações. Ele riu alto novamente. Já não parecíamos os mesmos Jake e Nessie de um ou dois meses atrás. Havia alguma coisa de diferente, algo novo, desconhecido por mim até então. Balancei a cabeça como se isso a livrasse daqueles pensamentos atordoantes. Todos aqueles segredos e reações estavam me deixando maluca. Um longo período de silêncio se passou.

– Está tudo bem? – perguntou ele preocupado, mas com um ar brincalhão.

– Está. Será que pode me levar para casa?

– Por quê? Eu fiz alguma coisa de errado? Se eu te ofendi...

– Não é nada disso. Eu só quero ir para casa e descansar um pouco – eu disse tocando o seu rosto com delicadeza. Ele fechou os olhos quando eu fiz isso. Sorri e ele também sorriu.

Chegamos ao chalé. Como de costume meus pais estavam na casa principal.

– Posso ficar aqui com você se quiser – disse Jake.

– Tudo bem – sabia que na verdade ele ficaria mesmo se eu dissesse que não.

Ele se sentou no sofá e eu me sentei ao seu lado encostando minha cabeça em seu ombro. Ele pôs o braço em volta de mim e ficamos ali assistindo a um seriado até que peguei no sono.

Acordei na minha cama, a noite chegando à minha janela. Ao meu lado havia um pequeno bilhete de Jake. Abri.

Nessie,

Eu queria ter ficado, mas a matilha precisou de mim.

A gente se fala depois. Vou sentir sua falta.

 Jacob.

“Vou sentir sua falta”. Aquela frase mexeu comigo. Talvez porque eu também sentiria a falta dele. O que quer que estivesse acontecendo estava, com certeza, acabando comigo.

Levantei-me e fui tomar um banho. Eu não precisava de banhos, mas a água do chuveiro me acalmava. Vesti um jeans, uma camiseta vermelha e sapatilhas de mesma cor. Logo depois eu me dirigi para casa principal.

– Nessie! Que bom te ver minha linda! – disse tia Rose.

– É bom te ver mesmo – disse tia Alice – precisava saber se a roupa que preparei para você ia servir – ela começou a me puxar escada acima.

Chegando ao quarto de Alice, ela me colocou de frente para um manequim que estava coberto ‒ Voilà! – disse ela em francês enquanto puxava o tecido que cobria o manequim. O vestido era lindo. Era azul escuro, tinha uma saia volumosa de tule, um corpete todo bordado de pedras, com alças largas e com alguns detalhes em veludo. Tinha um lindo decote nas costas além, é claro, do decote frontal em coração.

– É perfeito – eu disse e ela abriu um sorriso de satisfação.

– Que bom que gostou!

– É demais tia! Obrigada.

Tia Alie me fez provar o vestido enquanto ela o ajustava e isso levou um bom tempo. Depois, desci as escadas e fiquei assistindo TV com meus pais até que peguei no sono e como de costume, eles me levaram para casa. O dia seguinte seria longo.

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